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1.01.2018

A Irene não me chama "mãe".

Depois da fase em que se chamava Tomás e que tinha pilinha (parece que já passou, apesar de parte de mim se assustar, outra parte achava imensa graça e queria incentivar a liberdade de brincadeira), agora entramos noutra fase que também nos deixa desconfortáveis. Nem é por ela querer fingir ser outras pessoas, é a terceira geração que acha graça ao teatro e à representação, mas é por levar tão a sério. 


Quem é a Irene agora? É a Isabel e tem uma irmã que é a Luisinha. A mãe dela - sou eu, vá lá - chama-se Joana Paixão Brás (para quem seja novo no blog, é a outra autora aqui do estaminé) e o pai dela - continua a ser o mesmo, apesar da mudança de nome - chama-se David.  Por causa desta brincadeira, não lhe posso chamar filha porque é Isabel, não posso chamar-me de "mãe" porque sou a Joana Paixão Brás e não vou levá-la a casa do pai, vou levá-la a casa do David.  Ter uma "Luisinha", porém, tem dado imenso jeito para a "Isabel" ser a mana mais velha e ter que mostrar à Luisinha como é que se faz alguma coisa como "lavar os dentes" ou ir deitar-se sem birras. Há que tirar o melhor partido de cada situação, certo? 



Coisas que me deixam desconfortável/enervada com isto? Ela, de manhã, chamar "Joana Paixão Brás". Confesso que aquele "mãe" matinal amenizava o meu acordar e o "Joana Paixão Bráaaaaas" - apesar de te adorar, Joana - é como se fosse uma chapadinha. E, depois, claro que começa imediatamente a corrigir-me "não sou a Irene, sou a Isabel"... Ahhhhhh!!! Fazia o mesmo quando era o Tomás com o género dos adjectivos que eu usava e afins. 



Também não gosto, quando lhe estou a abanar o rabo para adormecer, que ela me peça para trocar a letra de "a Necas e a mamã" para "a Isabel, a Luisinha e a Joana Paixão Brás". Há uma parte minha que - infantilmente - tem medo que se perca nesse mundo de fantasia, não vos sei explicar. Além de que, por muito parvo que pareça, tenho saudades da minha filha!



Claro que há parte de mim que também tem medo - porque sou medricas e também porque não vivo só no lado concreto das coisas - que ela esteja a inventar pertencer a uma família que está junta e com uma irmã como se o "guião certo" a fizesse mais feliz.  Isto tudo, claro, porque me separei recentemente.



Há sempre tristeza, obviamente, mas rapidamente sou abraçada pela certeza de ter feito tudo o que tinha ao meu alcance e que este é o melhor cenário possível. Sem dúvidas. A vida não pode nem é sempre presa ao mesmo guião. A Irene agora é a Isabel. O que virá a seguir? 

Seja como for, Joana Paixão Brás, a Irene que é a Isabel, está cheia de saudades vossas e anda a pedir um fim-de-semana fora. Quando vamos? 

Camisola - Boboli 

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12.28.2017

E isto de ser filha única?

Não me vou por aqui com grandes dissertações sobre genética ou até mesmo questões comportamentais porque, da última vez que verifiquei, não percebia um glúteo disso. 

Por isso, mais uma vez, venho partilhar convosco mais uns sentimentos que me têm percorrido a cabeça em simultâneo com um doce sentimento de culpa por estar a devorar uma caixa enorme inteira de Ferrero Rocher quando me ando a sentir mais obesa que vaso da dinastia Ming. 

A Irene, à minha semelhança, gosta muito de ter todas as atenções. Muitas das brincadeiras que ela tem, tinha eu quando era mais nova. São brincadeiras típicas de criança, bem sei, mas há muitas crianças que não brincam assim também. Ela gosta de fazer espectáculos, de teatro, de dançar para que se aplauda no fim, de tocar piano, etc. Gosta de contar piadas e de fazer toda a gente rir. Gosta de ser querida e de agradar a toda a gente - qb, enquanto consegue por ser muito... certa do que quer. 

Apesar de ter dois irmãos - um de 11 e outro de 21 - vejo-me sempre como tendo crescido como filha única e acho que, sim, existem algumas coisas  mais prováveis de surgir em filhos únicos, talvez este tipo de tendência mais individualista e "look at me" style. 

Estou atenta à miúda. E eu pratiquei vários desportos mas todos eles com uma tónica individual como a natação ou, riam-se, o bowling ou ainda o Judo que tem pouco de equipa - que não me caia a Federação em cima agora por uma filosofia qualquer que não sei. Sinto que a Irene precisa de perceber que, apesar de filha única, as relações se fazem mais do que "um para um" ou "todos para um". 

Ontem, quando fomos jantar à casa do Miguel - meu bff desde o 6A do Colégio Quinta do Lago.


Não planeio engravidar em breve - até porque gastei dinheiro num DIU haha - mas vou tentar procurar outras coisas que me ajudem a que ela se sinta especialmente "desimportante" para, quando crescer, não ter dificuldade em relativizar os seus problemas ou a sentir empatia ou dificuldade a trabalhar em grupo.

Estamos de férias esta semana e muito inspirada por esta nova maneira de "pensar" tenho marcado cafés com amigas minhas com filhos ou até amigos sem filhos para a Irene ver e espairecer outras realidades. Não temos uma família grande, cheia de primos e tios e afins, mas já dá para construir uma rede de qualidade de pessoas que a façam sentir-se distribuída. 

A Irene teve a sorte de ter a mãe e o pai exclusivamente para ela - sem nenhum trabalhar - durante praticamente dois anos. Tanto o pai como a mãe não são as pessoas mais sociais do mundo - apesar da mãe ser fantástica, divertida e muita linda - e, por isso, temos que lhe dar outras hipóteses, mais colos. 

2018 vai ser um ano para a ajudar a confiar e a estabelecer outras relações. Reforçará que a mãe e o pai têm o seu lugar especial, mas que há muito mais além. 

Pô-la num desporto colectivo era engraçado, mas nesta idade? 


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12.25.2017

Ao meu padrasto.

Lembro-me. Lembro-me quando te comecei a conhecer. Lembro-me daquele dia na praia e de uma bola colorida que ainda, por vezes, me colore os olhos. Lembro-me perfeitamente das brincadeiras de minutos, meias horas, até eu acabar de lavar os dentes. Os fantoches todos: o zé das couves, o diabo belzebu, o polícia, todos. 

Lembro-me perfeitamente das milhares de vezes que me foste buscar e pôr à natação, a todo o lado. Lembro-me de brincares comigo, tanto. De me ensinares a escrever, de contarmos histórias nossas cheias de aventuras. Somos os Jotas em busca do lingote de ouro. Somos os Jotas dos jogos de cartas, dos trabalhos de casa, das revisões de matéria para os testes. 

És com quem mais falei quando precisava. És quem falou por mim quando não pude falar. És quem, no meio de tudo, lá estava para fazer uma piada ou para brincar comigo a dizer que eras dos Excesso ou mostrando-me o cartão de sócio do Benfica acreditando eu que eras jogador de futebol e tendo contado à escola toda. 

Lembro-me do maior elogio que já alguma vez me fizeste e acredito em tudo o que tu dizes. És, sem dúvida, o maior pedaço de família que tenho, o que tem mais coração, mais certeza, mais serenidade.

Abraçaste-me (mesmo sendo, para ti, os abraços algo tão esquisito) como se fosse tua filha, com tudo o de mau e de bom. Com as minhas rebeldias, as minhas parvoíces, os meus sentimentos, tudo. E foste meu pai. És. 

Amor incondicional.

Salvaste a minha imaginação. E foste tu quem, tipo maestro, deu o seu melhor todos os dias para que a música nunca deixasse de tocar em mim. 

Quero agradecer-te como nunca irei saber fazê-lo por seres tão importante. Por teres aparecido, teres sido escolhido e por, sem me escolheres, me teres amado tanto. 

É inevitável ver-nos quando brincas com a Irene e tu és amor em pessoa. Amor e cuidado. Que sorte que tive por tu e a minha mãe se terem apaixonado um dia. Ganhei-te. 

Tu ouviste-me sempre. Desde pequenina. 

Obrigada. 

Não escrevo como o Pessoa (mas foi mesmo o melhor elogio que alguma vez recebi), mas espero ainda ir a tempo de te fazer sentir a Pessoa que tu és para mim até ao final dos nossos dias.

Feliz Natal, João. 


Toma uma fotografia de um pão porque sei que gostas muito :)

12.22.2017

E quando estão quase a dormir e pedem mais um copinho de água?

A quantas é que fazem check desta lista de coisas que me têm enervado? Sim, tenho uma vida bastante básica. 


Comprar meias novas e irem logo para o abismo da máquina de lavar roupa.

Já há muitos vídeos e posts na internet que dizem para onde vão parar as meias, mas enerva-me que pares acabadinhos de comprar desapareçam logo e fique só um com uma no fundo do cesto da roupa que me faz ficar agarrada à esperança de que a outra apareça e nunca mais. 

Comprar roupa nova, lindíssima, mas que ela não quer vestir. 

Já dei para esse campeonato. Já não compro tanto para os meus gostos para depois, de manhã, ser uma birra. Agora, se ela puder escolhe ela ou, então, tento ver a roupa da perspectiva dela e comprar só coisas que lhe consiga "vender bem". 

Ela já estar deitada e começar a pedir coisas só para empatar.

Dou mesmo o meu melhor para não perder a paciência, mas e aqueles últimos segundinhos em que acho que ela já estava quase a patinar para o lado de lá e... afinal... "mãe, quero água" ou "mãe, quero a boneca não sei quê". 

Querer comer a comida separada.

Se vai um pouco de esparguete misturado com a carne picada, já é um filme: "separada, mãe, separada!". Vai acabar como eu a comer tudo por partes e a deixar a parte preferida para o fim. Quando ia ao McDonalds comia primeiro o hamburguer e só depois as batatas. 

O sistema de guardar camisolas quentinhas 

Tira-se uma e saem todas do sítio e não tenho paciência para arrumar aquilo na altura e, depois, quando chego a casa, só esse pormenor me deixa passadita.

Tenho tanta sorte. 


Ter gatos que tentam abrir a porta da rua.

Acham normal? Não pensem que por não saberem miar que não me comunicam que estão estupidamente infelizes. Estão, sim. O Noddy passa a noite a empoleirar-se na maçaneta da porta da rua 

A areia dos gatos que se espalha pela cozinha e o chão da cozinha é preto.

Não assinei nada disto. Se tiverem gatos, escolham chão da cozinha da cor da areia. Façam isso por vocês. 

O período de entrega das compras online é demasiado grande.

Quero minutos, malta. Quero saber a que minutos é que entregam as compras e de que hora, de preferência. Aiii!! Não quero saber que me vão entregar as compras a qualquer hora entre as 7 da manhã e as 10 da noite, não gosto de surpresas. 

Arrumadores de carros em sítios com parquímetros.

Não façam isso, arrumadores. Ajudem-nos e vão para ruas que não tenham parquímetros. Não consigo não dar moedas e já tenho de pagar no parquímetro. Not cool. Pensem em nós que queremos ir à Guerra Junqueiro comprar alguma coisa. 

O Facebook no geral 

Tenho de parar de ver o Facebook. Sinto mesmo que já não acrescenta grande coisa mas não consigo. Que chatice. 

Tomar banho com este frio

Está quente debaixo de água, mas depois é um tormento. Quase que não vale a pena tomar banho. Meninos, comercializem também banhos secos que com este frio prefiro só raspar o sebo que andar a esfregar-me e a apanhar pneumonias. 

Isto de pagar a 90 dias. 

A sério? E trabalhar a 90 dias? Também vou começar a fazer isso. Pedem-me o trabalho mas só apareço 3 meses depois porque é assim que funciona a minha tesouraria. Ou até mais tarde. Se calhar nem apareço. Fo**-se.


Feliz Natal a todas. Que tenham mais coisas que vos enervem desta dimensão ridícula como as minhas. É uma sorte e estou muito grata. 


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12.21.2017

Afinal ela não é mal educada nem "está surda"!

Escrevo isto porque cometi este erro. E custou. 

Já houve várias vezes em que fiquei frustrada por parecer que a Irene me estava a ignorar deliberadamente. Momentos em que eu - com os meus nervos do costume - pensei "Como assim? Dou-lhe tudo o que precisa, o que é isto? Era o que faltava!!!". Subia o volume e também o tom e ela aí lá me ouvia. 

Quando me ouvia, já me ouvia algo frustrada, confesso.

Houve uma vez em que uma senhora a chamou várias vezes para descer da árvore com medo que ela caísse e, já desesperada, disse-lhe "MAS ESTÁS SURDA, IRENE?". 

E a verdade é que está. 

A Irene a cozinhar com a avó Sílvia que, no outro dia, foi ensinar-nos a fazer borrego, panquecas e arroz de coentros à sua maneira :)


A Irene tem tendência para fazer otites serosas (ou é sempre a mesma, não sei que não percebo muito disso) e isso faz com que tenha dificuldades em ouvir quando tem o ouvido mais "entupido". Ouve como se estivesse debaixo de água. 

Digo-vos isto para facilitar com os vossos filhos. Claro que têm de ir a um otorrino para tirar a situação a limpo (se calhar até literalmente), mas se os vossos filhos não vos ouvirem ou parecer que não vos ouvem, poderá ser por algo tão simples quanto isto: otite serosa.

Aliás, do que li nesse artigo, até pode ser esse o motivo para algum atraso na fala. Interessante, não é? 


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12.20.2017

Qual é o vosso melhor conselho para outra mãe?

Olá a todas :) 

No último livro do nosso blog, fizemos uma selecção dos posts que consideravamos mais úteis para quem não nos acompanhasse desde o início ou que não tivessesse tempo para ler os três posts por dia que já chegámos a escrever em tempos. Por baixo desses posts, temos alguns comentários vossos e respostas nossas porque vocês também são o blog. 




Neste caso - ainda não falei com a Joana - mas gostaríamos de vos incluir de novo. E porque "a Mãe é que sabe" (que também pode ser o Pai, não é uma questão de quem dá à luz, mas de quem está mais perto). 

O que querem dizer a outras mulheres que também vão ser mães ou algumas mães de recém nascidos ou a qualquer outra mãe que se possa cruzar com o nosso livro? Se a Joana concordar - ahah não falei mesmo com ela - usaremos os nomes que escreverem aqui nos comentários para publicar no livro. Todas juntas somos uma enciclopédia brutal e que pode ajudar com a dica certa no momento certo. 

Querem participar? 

Qual é o vosso melhor conselho? Um parágrafozinho, sff, senão também temos que vos por no nome das autoras e a Joana Paixão Brás já tem um nome bastante grande. :)

Um beijinho e obrigada, vamos dando notícias do "nosso bebé", mais um "bebé" em conjunto.


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12.19.2017

Dormir de olhos abertos?

Isto aconteceu hoje de manhã,


A Irene, como sempre, acordou e pediu para ir para a minha cama e, quando adormeceu, ficou com um olho praticamente aberto! Estive quase para correr a casa toda à procura de um terço. Credo!

No outro dia, sentava-se na cama a falar. E acho que também foi hoje que gritou "JOGO!!!!" a dormir. 

Não ganho para os sustos! Os vossos também ficam possuídos? 


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12.18.2017

És feia! És feia! Nunca mais vens ao café com a mãe!

No outro dia li algures que uma celebridade da nossa praça interveio num cenário em que uma mãe batia numa criança. Tais "notícias" deixam-me sempre com vontade de saber o verdadeiro motivo da partilha, se é numa de "sou tão espectacular que não deixo que isso passe em branco" ou se é numa de "devíamos unir-nos todos e fazer o máximo possível para que estas coisas não aconteçam". 

Uma simples intervenção no meio da rua, claro que evitará o efeito imediato - ou não, até poderá irritar ainda mais o agressor e a vítima levar mais a seguir por causa "da vergonha" que a fez passar que até a Leonor não sei quê da televisão viu - mas não resolve. Tenho uma amiga, que um dia creio que virá a escrever algumas coisas aqui para o blog que intervém, mas intervém a sério. Ela sabe o que fazer. Sabe os processos, sabe a quem ligar - não estou a dizer que se retire a criança ou não, creio que será sempre a última solução a ter em conta, há passos antes desses. 

Eu não tenho "coragem" para intervir. 

O primeiro episódio mais recente foi há um mês quando a Irene e eu ouvimos o som de um choro explosivo de uma menina. O equivalente a ter-lhe caído algo muito pesado nos dedos dos pés. A Irene e eu, preocupadas e assustadas, olhámos para o sítio de onde vinha o som, o acompanhante da mãe também. A mãe respondeu "e foi na cara que comigo não faz farinha". 

A miúda teria a idade da minha (não que haja idades aceitáveis para bater), isto é, 3 anos. Impressionou-me ainda mais.

Fotografia de Pau Storch


Não sei o que fazer. Não faço a mínima ideia. 

Ainda hoje não consegui processar isto. 

O segundo episódio foi neste sábado. Fui tomar o pequeno almoço a um café aqui perto (ao mítico Califa) e ao meu lado no balcão uma mãe com uma menina (novamente com a idade da Irene, devo estar mais atenta por causa disso). Ambas sentadas ao balcão, o rabo da miúda ainda nem enchia metade do banco. A mãe, virada de lado, inclina-se para cima dela, com o dedo indicador levantado diz-lhe de olhos abertos e em voz assustadoramente calma (a sério, fez-me muita confusão por estar tão calma) "És feia! És feia! Nunca mais vens ao café com a mãe!". As lágrimas vieram-me imediatamente aos olhos, fiquei muito nervosa. Sabia que não ia intervir, que não é "de mim" fazê-lo, mas fiquei muito aflita. Pedi a tudo para que não fosse repetido para entrar calmamente no meu estado de negação, mas não. Continuou a acontecer. Sem toque. Só voz. Em cima dela. "És feia, És feia! És, és! Nunca mais vens ao café com a mãe. Não é, avó? Ela não é feia? É, sim senhora!". A miúda ia bebendo o seu sumo de fruta, ao pequeno almoço - relembro. 

Já tenho uns anos de pedra partida para saber que a mãe não diz isto gratuitamente. 

A mãe provavelmente terá ouvido muito isto dos seus pais e, por isso, apesar de carregar a dor que é ter quem devia cuidar e protegê-la de palavras e actos que a destruíssem a quebrá-la, a retirar-lhe o direito de ser, não consegue parar de vomitar dor em forma de ódio, raiva. Nem consegue ver que o faz na cara de uma menina de 3 anos ou pouco mais. 

Não odeio estas mães, mas amo mais as filhas. Estas miúdas que sobrevivem como conseguem às pessoas que vivem com elas, lhes dão banho, as adormecem, lhe preparam a comida, serem as que as fazem sentir-se pior com elas próprias e não o contrário, não serem as pessoas que lhes dizem que são capazes de tudo o que queiram, que tudo depende só da força de vontade e que têm tudo para ganhar o mundo e para o viver com a mesma ferocidade com que se atiram às redes do parque infantil para trepar até ao topo. 

Não podemos destruir os nossos filhos como nos terão destruído. Não podemos carregar toda a dor do mundo em nós e abrirmos a boca sem ter o carinho de pensar no que estamos a fazer. Cabe-nos a nós que queremos amar, quebrarmos o ciclo de anos de frieza e de épocas em que havia maiores preocupações - como garantir comida e abrigo - para se ter quente suficiente para amar. 

As crianças, as nossas e as dos outros, merecem todo o amor do mundo. Serão melhores mães por isso. Teremos crianças mais felizes assim. 

Não é fácil. Deve ser mais difícil do que esbofetear uma criança ou que a insultar uma manhã inteira.

É o nosso papel: Amar. O melhor que conseguirmos. 

Se não conseguirmos, procurar ajuda. 

Tentarei falar com uma amiga - a tal que vos falei ali em cima - no sentido de apresentar aqui algumas soluções. Se tiverem algumas, por favor, partilhem. 


Fica aqui uma reflexão sobre a maneira como usamos as nossas palavras com eles: "Não gosto, pá!".

Tudo o que já escrevemos aqui sobre disciplina positiva


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12.15.2017

All I Want for Christmas is... DEIXAR DE TER BUÇO!

O quanto estou farta desta chatice! A minha relação com os pêlos faciais não tem sido nada fácil! 

Lembro-me perfeitamente daquele dia, no 10º ano, em que, junto às Ps no Liceu de Oeiras (onde consta que muitos jovens - ou alguns, vá - iam aliviar as suas tensões sexuais) e perto também de uma espécie de capoeira que tínhamos, o meu melhor amigo (que nunca irá ler isto) me disse "granda bigodinho, ó Joana". 

A Joana, num desses dias, foi à casa do pai e usou a gilette (uma das novas, quero crer) e fiz o bigodinho à gilette. Andei toda vaidosa durante 30 minutos, até depois me cair a ficha de que... "quando se rapa os pêlos nascem mais fortes" e passei os 15 dias seguintes em pura agonia. PURA! De que iria ter barba aos 15 ou lá o que era. Ainda por cima sentia com a língua na beiça, os pêlos a crescerem, pequeninos. 

Desde aí - eu que nunca tinha reparado que tinha bigode - sei perfeitamente que ele existe e me tornei perfeitamente consciente dele nas piores situações. 

A minha entrevista na Mega (FM, na altura) em que o meu director tinha por cima de cima uma clareira cujo sol incidia perfeitamente na minha bigodaça. E, por isso, tanto dava se tinha olhos verdes ou não parecendo um castor a pedir emprego... 

Num momento mais próximo de engate, em que damos o nosso melhor inclinar de cabeça, mexer o cabelo e nos lembramos que por cima do sítio onde queremos que a outra pessoa encaixe a boca, temos uma espécie de tapete de entrada. 

Fazer o buço com cera dói. Ainda por cima se a senhora for minuciosa, ainda vai lá com a pinça e só me apetece falecer. A maior parte dos dias ando em negação relativamente ao buço, até que um dia (foi anteontem) mesmo com 2cm de betume no focinho, vejo 5 ou 6 pelos a levantarem-se por baixo dessa camadinha e a dizerem "não, nem com baton vermelho hoje vais ter alguma confiança, esquece". 

Queimar a cara para deixar de ter pêlos também não me parece ser uma opção agradável, pelo que... o que eu mais gostaria de ter neste Natal? Era deixar de ter buço. Obrigada. 

Não há uma espécie de colarzinho de âmbar que tanto dá para melhorar a dor dos dentes dos miúdos, também dê para os pêlos se coiso e tal? Ia ser um sucesso!!!!!

Pelo sim pelo não (ah) comprava. 


Um dos motivos para ter tirado assim esta foto com o Pau ;)
Que, by the way, vai ter um workshop de fotografia de Família no Porto em Fevereiro, saibam mais aqui



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12.13.2017

Encomendo comida para o jantar e então?

Já vos contei várias vezes que tenho uma grande tendência para ser ansiosa. Sinto que toda a minha vida tenho tentado andar a dar a volta e depois a tentar dar a volta à volta que tentei dar, etc. 

Desde que me divorciei, acumulei mais uma tarefa ao cuidar da Irene sozinha: fazer a comida. Não parece nada trabalhoso mas é mais uma coisa para me preocupar, para falhar, para dizer "agora não que a mãe tem de ir cozinhar". 

Andava a dar em doida, a tentar fazer comida nova todos os dias (como acho que não sei cozinhar, preferia não deixar margem para restos) e, quando havia restos, parecia que não tinham bom aspecto suficiente. Falei sobre isso aqui: Não sei cozinhar

Até que pensei: e se encomendar comida? 

Agora, quando não me apetece pensar nisso ou quando consigo ter oportunidade de rever as minhas prioridades e chego à conclusão de que prefiro brincar com ela a cozinhar. Já comida pronta para descongelar no congelador para qualquer "emergência", mas still, que luxo receber um franguinho assado que dá para mais de um dia e que ambas gostamos. 

Se alguma de vocês se andar a matar para fazer comida "boa" todos os dias como eu andava e a sentir-se pseudo "culpada" por ter que fazer opções ou por sentirem tantos "nervos" em cima... considerem mandar vir comida. 

Não precisa de ser pizzas e tal (mas também pode ser). 

Tem sabido bem. :)


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12.12.2017

Tudo o que queria saber e não quis perguntar sobre amamentação.

Há tanta coisa que não sabemos antes de amamentar e que, às vezes, nem durante. Pus-me no meu lugar antes de amamentar e tentei esclarecer-me sobre algumas coisas. Espero que seja útil :) 


"A filha da Joana tem 4 anos e só mama?"

A amamentação vai mudando ao longo do tempo. Tem fases em que a criança ou o bebé podem pedir mama mais vezes e outras menos mas, creio que o habitual (e não "normal", porque sei lá eu) é que as mamadas vão diminuindo com o tempo, apesar de não ser linear. Neste momento, com quase 4 anos, a Irene só mama ao deitar da sesta ao fim-de-semana e antes de adormecer para a noite. 

"Dói muito amamentar, não é?"

É e não. Não é suposto doer. Há mulheres que têm experiências só fabulosas com a amamentação e há outras que nem tanto. Se dói é porque há algo a corrigir como a pega, por exemplo, ou até poderá ser da formação da boca do bebé. Importante pedir ajuda asap para não comprometer a amamentação junto de especialistas da amamentação. Procurem por Rede Amamenta ou Clínica Amamentos, por exemplo. Uma simples pesquisa no Google poderá ajudar e muito (a vocês ou a uma amiga, por exemplo). 



"Quando depois estás na cama ele fica cheio de leite?"

Ahah! Isto seria mais ou menos como faria a pergunta. Se, quando estamos a fazer amor, nos sai leite pelas mamas ou não. E a verdade é que sim e não. Depende da fase da amamentação, por exemplo. Se a amamentação ainda não estiver estabelecida,  nalgumas mulheres é provável que saia leite mesmo sem manuseamento. A hormona que ejecta o leite é a mesma do "amor", por isso... Noutras fases da amamentação, com manuseamento poderá sempre sair, claro, mas já não "interferirá" tão directamente. Pus o "interferirá" porqueeeeeee há gostos para tudo e não sou ninguém para julgar, ahah. 

"A que sabe o leite?"

Já provei, já. Lembro-me de não ter ficado chocada. É o que é, faz sentido. É doce, por exemplo. É normal que eles gostem tanto também pelo sabor (que vai mudando consoante os alimentos que comamos e, por isso, há estudos que dizem que os bebés amamentados poderão ter maior tolerância a novos sabores). 

"Tem-se mesmo de usar aqueles soutiens muita ridículos?"

Calllma! Nem todos são ridículos, mas aconselho vivamente a que usem. Quem amamente, conhece todo um novo significado para a palavra "disponibilidade" e ter um soutien que não nos enerve é fundamental. Mesmo em casa usei soutien nos primeiros tempos porque não ganhava para andar sempre a tocar a camisola com imenso cheiro a leite azedo e punha daquelas almofadinhas absorventes nas mamas. 


"Não tenho bicos nas mamas, o bebé vai mamar onde?"

Eu também não tinha. Os meus mamilos pareciam um pires de uma bica (sexy ahah) mas, com o tempo, o bico foi-se formando. Além de que há técnicas para os ajudar a fazer melhor a pega no mamilo, mesmo que ainda não se tenha o bico. Agora, meninas, 'tou cheia deles! haha Só ainda amamento por causa disso. 

"As mamas depois vão para o galheiro, não vão?"

Vão mais ou menos. Depende. Com um desmame natural tenho reparado que as mamas passam também elas por fases e não estão como estavam antes de amamentar (adeus meus 27 anos e tetinhas rijas que pareciam maçãs verdes), mas não tenho vontade de me esconder se for para trocar de roupa algures ou para fazer o sweet love. 

"Toda a gente que amamenta não dorme?"

Not true. Há bebés amamentados que têm um ritmo de sono já confortável para os pais e há bebés a biberão que nem por isso. Não sou especialista (sou da #teamconstançacordeiro), mas acredito que terá mais que ver com a segurança de cada bebé e dos hábitos, sejam eles através de que meio. Leiam aqui que a Irene não dormiu a noite toda até aos 3 anos. Além disso, para quem amamente, há sempre a experiência do co-sleeping que torna tudo muito mais prático para todos. 



"Dás de mamar na rua?"

Agora já não. A Irene tem 4 anos. Peça ela o que me pedir (bolachas ou mamas) já não vou a correr satisfazer. Protelo e remeto para o hábito instaurado, se possível. Não vejo necessidade aos 4 anos de dar mama na rua, já dá para dialogar e levar lanche ou já se tem outras ferramentas para transmitir carinho e amor. Dei sempre mama na rua. Sempre que era só eu e a Irene fi-lo. Com o meu ex, como o deixava desconfortável ou quando a Irene estava numa fase de parecer que estava a ser possuída pelo diabo preferia ausentar-me para um local mais calmo, mesmo que isso signifique enfiar-me na casa de banho. 

"O bebé vai mamar 8890789 vezes por dia até aos 6 meses?"

Não e sim. O bebé deve mamar sempre que pedir já que as necessidades podem ser de ordem variada e não conseguirmos comunicar com ele verbalmente. Optei pela mama ser sempre a primeira opção. Depois logo se veria o que era. Há fases muito esgotantes de maior ansiedade ou os saltos de crescimento e picos de desenvolvimento mas, com o tempo, vão diminuindo as mamadas. Aos 6 meses começam-se a acrescentar outros alimentos e, com o seu tempo, o bebé irá aceitá-los e gradualmente irão substituindo mamadas. Vai ficando "mais fácil", prometo.


Só para terminaaaarrr: leiam estes textos sobre os mitos da amamentação que talvez vos ajudem ou a alguma amiga, partilhem ou leiam aqui tudo o que já escrevemos sobre amamentação. 

Mais alguma pergunta, podem fazê-la em anónimo que tentarei responder ou as outras mães que estão a ler poderão esclarecer a vossa curiosidade :) 



Fotografias - Joana Hall

Roupas - Little Jack Baby Clothes (óptimo para amamentar)


12.11.2017

Têm os miúdos cheios de tosse? Eis como ajudo a Irene (ou tento).

A Irene está cheia de tosse. Daquelas que não a deixam dormir mais de 10 minutos seguida, tipo seca, de cão. Porém, respira bem nos intervalos. Irrita-me sentir que não há grande coisa que possa fazer por ela. Não fui trabalhar para ver se ela tem descanso e fica melhor. 

Por volta desta altura, há sempre este tipo de quadro (que chatice). Desabafei com a Joana Paixão Brás (que nome tão grande, Joana, que seca haha!) e parece que a própria Luisinha anda assim. 

Sempre que a Irene fica assim dou-lhe muita água e uso o velho truque da cebola. O quarto fica a cheirar a metro, mas convenço-me que estou a fazer algo útil e até me faz sentido que funcione. 
Leiam isto

Pus ontem a cebola no quarto dela, mas ela não parava mesmo de tossir e até chegou a vomitar expectoração ou lá o que foi. Não resisti e foi dormir comigo (ela sente-se mais segura, eu gosto e tinha saudades dela - fui a Londres no fim-de-semana e ela ficou com o pai - e não tenho que andar a fazer piscinas). 



Como acordou ainda muito aflita (e eu também), enviei uma mensagem à nossa pediatra (recomendada por uma amiga que lamento que não tenham porque é a maior a recomendar coisas - e não só) a perguntar se havia maneira de ajudar e ela sugeriu um xarope natural para a tosse. Depois de ler a bula, caramba, é mesmo isto que procurava (não conhecia - aliás, passei muito da minha infância a desejar ter tosse para beber maxilase e note-se aqui o "beber): Grintuss pediátrico.

Acabei de dar a primeira colher, por isso não faço ideia se resulta, mas saber que estou a dar algo que em princípio não terá mesmo nada que lhe faça mal e que lhe poderá fazer bem já ajuda e muito o meu coração de mãe. Vocês percebem. 

Que truques têm vocês na manga? 


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12.07.2017

Só comprei roupa para ela!

Há várias coisas que "me vão acontecendo" ao longo da vida que, se me contassem há uns anos, ter-me-ia rido tanto, mas tanto que me ficaria a doer o meu uni-abdominal. Se me dissessem há 6 anos que me iria casar e ser mãe, nem imaginam a gargalhada. Provavelmente até teria feito stand-up sobre isso e teria feito um espectáculo de duas ou três horas (as if I could). 

Outra era que tinha recebido um cartão-presente para gastar na C&A, uma loja que tem imensa roupa gira para mim e para a Irene (com acessórios incluídos - coisas que parecem nunca "ser demais") e ter gasto tudo nela. Entrei na loja, fisguei logo uma camisola para mim (uma branca com pêlo que imaginei logo com um baton vermelho e tal e tal) mas, de resto, tive vontade de comprar tudo o que vi na secção dela. E ela também.

Fui com ela. Quero envolvê-la na escolha das roupas. Já vos contei que, por mim, é a Irene quem escolhe a roupa dela (para evitar birras, selecciono três opções e, a partir daí, é ela quem escolhe o que vestir - para mim faz-me mais sentido assim e ela fica vaidosa) e ver tanta coisa da Minnie, do Mickey, do Frozen (ela não viu o filme, mas como tem amigas com roupas de lá, associa), dos Minions, da Patrulha Pata, dos Carrros, Homem Aranha (a Irene adora o spider man, não sei porquê)... deu-nos imensa pica para comprarmos roupa juntas. Isto, claro, intercalado com a Irene andar a brincar às escondidas entre os cabides e de alguns mini ataques de pânico da minha parte. 

Para mim, as regras para a roupa dela são: serem confortáveis, adaptadas à estação (não à de Santa Apolónia... - ai que boa piada que esta foi) e que ela goste. 


 

 
Estas foram algumas das nossas escolhas. Inicialmente tive vontade de ir sozinha, para ver as roupas com calma para ser um "momento meu", mas depois achei que é divertido ela estar envolvida na escolha da roupa dela porque, no futuro, é isso que vai acontecer. E, se ela participar já no processo de decisão, ser-lhe-á tudo mais natural e provavelmente não andará como a mãe aos 31 anos a batalhar sobre "que estilo é o meu". Ela vai saber. 

 
Neste caso é simples. Na C&A é tudo acessível e, por isso, aquela coisa extra a caminho da caixa também pode ir e estamos a comprar roupa necessária mas, também, coisas que a fazem feliz todos os dias de manhã quando calha ser "aquela peça que ela escolheu". Escolheu as calças pretas por serem quentinhas e parecerem neve, escolheu o vestido da Hello Kitty porque a Sara (educadora que tem uma viola com uma Hello Kitty) vai gostar, escolheu a camisola azul porque tem as lantejolas reversíveis e tem a Hello Kitty ou um pinguim. 

 
Às vezes, por ser a Irene a escolher o que veste e combina, quando a levo à escola, tenho um bocadinho de inveja pelas amiguinhas delas estarem tão bonitas, com conjuntos lindíssimos, betinhos, cores pastel, prontas para irem a "qualquer lado" mas, para mim, esta vaidade dela compensa. Mesmo quando vai com calças com estrelas, casaco com flores e camisola às riscas. 

Para já, é assim que estamos.

Vocês envolvem-nos nas vossas compras ou preferem ter o vosso "momento de compras" sozinhas, como se fosse um momento spa? 


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