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2.17.2017

E se não mamares de noite, Necas?

Ui. A viagem da Necas e minha por isto da amamentação dá pano para mangas. Já perdi conta aos inúmeros posts informativos e desabafativos sobre o tema. Podem ver uns quantos se carregarem aqui

Depois de muita tormenta, de uma suspeita de APLV e tudo, a amamentação finalmente tornou-se pacífica. Aos poucos, mesmo contra tudo aquilo que eu sentia nas fases em que ela precisava mais de mama, tem vindo a largar mamadas. 

Agora, a um mês de fazer 3 anos, durante a semana, mama de manhã quando acorda, à noite antes de adormecer e durante a noite, quando acorda. 

Não odeio dar de mamar, antes pelo contrário. Além do prazer que muitas mães que amamentam apontam (e das óbvias hormonas envolvidas que nos fazem sentir felizes), é também símbolo de uma batalha que a Irene eu travamos juntas e que vencemos. É sinal de que fomos capazes e que fizemos bem em continuar porque está tudo bem e tudo correu bem. 

Porém, confesso que as mamadas nocturnas me estão a deixar louca. Acorda e chama por mim. Eu, cansada, não me apetece que ela fique a mamar a eternidade que fica. Nunca consigo chegar a adormecer porque acabamos mesmo por ter alguém a mamar em nós. E irrita-me não ter controlo sobre isso nem opção. Se lhe nego a mama é um berreiro danado às 5h da manhã e ficamos as duas enervadas por algo que, lets be honest, tem muuuito mais de bom do que mau. 

Quando a Irene era mais nova, aconselharam-me o desmame nocturno para ela dormir melhor. Não é causa-efeito. Por favor, não vão nisto. Não desmamei e não me arrependo. Pensei sempre: se um dia quiser desmamar, que fosse através do diálogo e que ambas estivéssemos prontas para isso. Não teria sido justo introduzir-lhe este método (embora natural) de alimentação e de regulação e depois tirar à bruta só porque alguém me disse ou porque estava demasiado cansada. Eu não conseguiria lidar com a culpa. Ou, mesmo que conseguisse, não quero. 

Cá estamos aos três anos. Depois de uma noite em que dei por mim a ser má para a Irene a meio da noite por ela não aceitar não mamar para readormecer ("Ó IRENE, NÃO PERCEBES QUE EU ESTOU CANSADA, PÁ!"), no dia seguinte percebi que é tudo um processo, que devia tentar explicar o que se passa e negociar ou tentar perceber o que se passa aqui.

Ontem, quando estávamos a tomar banho juntas, surgiu-me o tema (em vez de lhe propor isso quando ela estivesse mais cansada e menos flexível): "Necas, filha, adoro dar-te maminha de manhã, sabias? É como se estivéssemos a matar saudades. À noite, antes de ires dormir, também gosto muito. É como se fosse um abraço com muita força. Durante a noite já não gosto, sabes porquê? Porque estou muito cansada, as minhas mamas já estão um bocadinho velhinhas e a mãe fica sem paciência. O que achas de, em vez de te dar maminha, nessas alturas, me abraçar a ti com muita força e dar muitos beijinhos até adormeceres ou de te abanar o rabo, pode ser?". 

Ela disse que sim. Não estava à espera que resultasse na primeira noite. Resultou a 75%. Aceitou em dois acordares outra alternativa. Às 5 da manhã estava irredutível e claro que cedi. Tenho de compreender. 

Vamos continuando nesta viagem, que não tenho pressa que acabe. Simplesmente, tal como a Constança Cordeiro Ferreira escreveu no livro, há  uma mamada que me incomoda (ou várias, as nocturnas) e é isso que quero "resolver", mas tendo sempre em conta o que a minha filha precisa (e eu também). 


Nota final: 

Atenção a isto dos desmames nocturnos. A Irene tem 3 anos e a amamentação já está estabelecida, além de que posso dialogar com ela e não será um momento traumático, digo eu, este afastamento, nem o irei fazer de forma bruta. É a à noite que há maior produção de prolactina, a hormona responsável pela produção do leite e, por isso, é quando o nosso corpo recebe mais a indicação da quantidade de leite que o nosso bebé precisa. Amamentar durante a noite é crucial para uma boa experiência de amamentação. Por favor falem com pessoas entendidas no assunto aqui ou aqui ou aqui, por exemplo.