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6.26.2015

Esta mãe quer que o filho veja o pai quando nascer!

Ou que o pai veja o filho...

Nem consigo imaginar o meu parto sem o David ao meu lado, a dizer piadas, a acalmar-me, a dar-me força e a ver a nossa filha no primeiro segundo da vida dela. Ouvindo-a chorar e acalmar-se no meu peito, vendo-a mamar pela primeira vez, pegando-a ao colo pouco tempo depois. São momentos de grande vínculo, inesquecíveis, que tornam um parto num momento emocionante, em família, humanizado.

Já Mónica nunca soube o que era ter o marido ao seu lado, nos momentos mais importantes das suas vidas. Vai ter, em breve, o terceiro filho, o Martim, e quer que, pela primeira vez, o pai possa assistir ao nascimento. É que Mónica vai, pela terceira vez, ter um parto por cesariana, no público, e a presença do pai sempre lhe foi vedada.

Inconformada, o que é esta mulher decidiu fazer? Com a ajuda de uma enfermeira, criou uma petição para que os pais possam assistir às cesarianas, para assinar aqui! É mesmo, mesmo importante que até dia 2 de Julho se consigam reunir 4000 mil assinaturas, para que a discussão ocorra em Plenário da República.

Estamos a falar de cesarianas programadas, em que não é necessário intervir de forma rápida ou com suspeitas de sofrimento fetal ou materno.

Assinei a petição. E o David também assinou, porque este é um direito deles.
Vão assinar?! Já falta pouco, força!

Para saber mais sobre as incongruências entre o que está na lei e o que se argumenta nos hospitais públicos, leiam este artigo do Público.


6.15.2015

Lista de Essenciais para o Bebé (e para nós)

Tenho uma amiga que tem uma amiga que está grávida. (A sério que estás a começar este texto assim?, pergunta o grilinho dentro da minha cabeça.) E essa amiga da amiga, a Carla, pediu-me que a ajudasse com a lista de essenciais para o bebé. "Mas queres a lista para a maternidade ou para ter em casa?" "Tudo, por favor." Vou dar o meu melhor.

Já vos fomos dando algumas dicas, aqui e aqui. Mas cá fica a minha lista:

MALA DE MATERNIDADE DO(A) FILHO(A)

- Três babygrows fáceis de vestir (nada destes para os quais a Joana Gama chamou a atenção aqui que, por sinal, eram do género do primeiro que a Isabel vestiu e tive as enfermeiras em stress a tentarem vestir-lhe aquilo). Acho que, no verão, de algodão serão suficientes.
A primeira roupa da Isabel
- Três bodies de manga comprida, de algodão (compro os interiores e os pijamas todos na Primark)

- Três calças interiores ou collants

- Um casaquinho de malha

- Um gorro (perdem muito calor pela cabeça), mas depende muito do calor do hospital (o meu era uma estufa e só usou na primeira noite).

- Quatro pares de meias

- Fraldas q.b. (alguns hospitais dão as fraldas. E mesmo que sejam precisas mais, há sempre um pai ou um avô para ir buscar mais). Eu comprei Dodot, mas dizem que as Libero para recém-nascido são muito boas.

- Compressas (não usei toalhitas nos primeiros meses), limpava apenas com compressas com água quente

- Fraldas de pano (uma ou duas): no meu caso, fiz uns envelopes com as fraldas de pano para cada uma das mudas de roupa, selados com alfinetes de ama.

- Toalha para o banho

Não é necessário:

- Chucha (para não atrapalhar a amamentação) nem biberon
- Sapatos nem gangas e coisas desconfortáveis

Eu sou betinha, por isso levei uns conjuntos todos mariquinhas - mas práticos - com cueiros, divididos por dias, mas duvido que haja por aqui muita gente com paciência para isso, daí ter simplificado a coisa


MALA DE MATERNIDADE DA MÃE

- Três camisas de dormir (ou aquilo que for mais confortável para vocês, equacionando que têm de  despir para dar mama)

- Chinelos (de banho e de quarto, ou só de banho)

- Kit higiene + cremes 

- Soutiens de amamentação (dois ou três)

- Discos absorventes para pôr no soutien (caso tenham a subida do leite logo lá)

- Purelan, da Medela - pomada para os mamilos - os primeiros tempos da amamentação podem não ser a coisa mais maravilhosa do mundo, porque nem sempre a pega está a ser bem feita, por isso, usar Purelan ajudou-me bastante.

- Carregador telemóvel + máquina fotográfica (com cartão e bateria carregada)

EXTRAS QUE ME SALVARAM A VIDA:

- Elástico para o cabelo (parece ridículo, mas depois esquecem-se e dá tanto jeito!)

- Spray de água termal da Vichy - naquelas longas horas de espera em trabalho de parto em que não se pode comer nem beber, borrifar-me foi o que me safou, palavra! Sentia a cara e os lábios sempre hidratados.

- Tena Pants - Ah, pois é, minhas amigas, também eu pensava que me ia guardar lá para os 70 anos, mas segui o conselho não sei de quem, experimentei e não quis outra coisa (quer dizer, quis, quis outra coisa, mas enfim, teve de ser). Ainda experimentei uma vez um penso numa daquelas cuecas de rede que nos dão no hospital e não tem nada a ver, deslocam-se, saem de sítio e é desconfortável. Com estas cuecas-penso não há risco de nada sair de sítio, ajustam-se bem e estamos sempre confortáveis. Além de que se rasgam para despir, não tendo de fazer grande esforço para nos baixarmos. Recomendo, sem dúvida! 


COISAS QUE ME SALVARAM AS MAMAS EM CASA:

Além do Purelan e do leitinho materno aplicado nos mamilos, as almofadas de hidrogel (que vão ao micro-ondas e ao congelador) e as conchas colectoras foram tão minhas amigas! Andar com as mamas ao ar-livre também. Aconselho, aconselho, aconselho (mesmo que pinguem LOL).



EM CASA:

- Berço para estar coladinho à nossa cama: nos primeiros meses, pelo menos, o lugar do bebé é bem pertinho de nós. Emprestaram-me um antigo, de verga, lindão, mas há já imensa oferta por aí. Gostei deste da Chicco, por exemplo. Se quiserem poupar uns trocos, ou não puderem meter-se em mais despesas, a cama de grades colada à nossa também funciona, claro.

- Cama de grades: comprei a cama no IKEA e adoro. Barata e bonita. O colchão também é do IKEA, mas investi no melhorzinho que lá havia. Vão precisar também de resgardo para a cama, lençóis e uma manta. Ou um saco-cama, como preferirem.


- Trocador: é dispensável, se tiverem um armário de gavetas com uma largura considerável, onde possam pôr um muda-fraldas. Eu comprei o trocador no IKEA (Gulliver), com 3 prateleiras, que além do apoio à higiene (com fraldas e produtos dentro de cestas de vime da Zara Home), tem também, ao nível da Isabel, a biblioteca dela.
Como não apreciei as forras do muda-fraldas do IKEA, comprei uma linda da Blu Home.  Além desta forra de tecido, apercebi-me que teria de ter resguardos descartáveis, que se mudam assim que há alguém que decide mexer-se um bocadinho e “borrar a pintura” durante a muda da fralda. 

- Cadeira/ poltrona para amamentar e dar colinho.
Andei meses à procura de uma poltrona para o quarto dela, mas acabei por comprar uma cadeira de balouço branca que “forrei” com almofadas. Não sabia se seria prática, mas é! Era onde amamentava quando a mudei de quarto e onde lhe conto histórias e onde a embalo, nos dias em que se torna impossível adormecê-la na cama. 

- Tapete: quis o mais simples possível e encontrei na Quadrinhos da Mó um creme, fácil de lavar, que é só pôr na máquina.

- Almofada de amamentação: deu-me um jeitaço nos primeiros meses para a amamentar na minha cama e no sofá da sala

- Banheira: como não tínhamos espaço na casa de banho, pusemos uma banheira à nossa altura (acho fundamental para as nossas costas), que era simultaneamente trocador, no nosso quarto. Comprámos em segunda mão. Quando começou a nadar na banheira, e a molhar o chão todo, mudámos só a banheira (sem a estrutura alta) para o nosso WC, encaixando-a na nossa banheira.

CASA/RUA:

- Ovo para o automóvel: usei o do carrinho da Chicco que me emprestaram, mas nunca fui fã (comprei uma forra também na Blue Home, na imagem acima).
- Carrinho (se fosse agora, teria o que ando sempre a apregoar, porque é leve e prático, da Greentom)
- Espreguiçadeira (para quando precisamos de ir fazer um xixi, comer ou tomar banho e tê-los sempre debaixo de olho)
- Sling/pano/marsúpio: emprestaram-me um sling de argolas e adorei tê-la sempre pertinho de mim, levá-la a passear e até para fazer algumas coisas em casa
- Pano para Swaddle (neste vídeo mostra como fazê-lo: garanto-vos que os acalma muito!)

Não é necessário: esterilizador, biberons, leite adaptado, brinquedos (no primeiro mês não ligam e vão oferecer-vos também).

Mais alguma coisa a acrescentar à lista? O que tirariam da lista? ;)

5.30.2015

Também têm dores esquisitas?

Preciso mesmo de vocês. A sério que sim. E nem é para vos pedir dinheiro, vejam lá o quanto eu estou a ser honesta e transparente. Estou a ser tão transparente quanto o vestido daquelas meninas que não têm maminhas e acham que não precisam de usar soutien e, portanto, fica a ver-se as maminhas. Lembrei-me agora que a Joana já me contou que, às vezes, não usava soutien. Espero que sejamos mesmo mais mulheres que homens aqui, senão este post seria provavelmente o primeiro post pornográfico num blogue de maternidade. Ah! E mães das maminhas sem soutien, existem "tapa-bicos", só para que saibam. Agora já podem andar assim com eles à mostra, não me importa. A amamentação fez milagres aos meus e passei a ter uns, mas dantes ficava importada e invejosa. 

A fingir que as pernas são minhas, já que tenho uns ténis quase iguais. 


Preciso mesmo de vocês! Desde que a Irene nasceu que ocasionalmente fico com a perna direita muito esquisita. Parece que tenho um garrote na virilha e que o resto da perna incha, mas sem inchar. Como se estivesse dormente, mas sem estar. Dói-me a coxa, o pé, o calcanhar... Já tomei Ben-u-Ron, voltaren e nada. Deduzo que não seja muscular. Agora estou a tomar uma trampa dum suplemento  (não estou a falar de leite artificial muhahah) que me deram na farmácia na última vez que tive isto e que, por acaso, coincidência ou não, ajudou a passar. 

Alguém já passou por isto? Ou está a passar por isto? Ou sabe o que é? A que especialidade devo ir já que só vi a minha médica de família uma vez e foi no Oeiras Park? 

Help!

Terá sido das 40 epidurais? Há efeitos assim a tãaaaao longo prazo?


PS - Custa-me tanto a adormecer. Estou o dia inteiro focada nisto porque a perna faz questão de mostrar que está constantemente presente. Como se estivesse a ferver.

5.28.2015

Em que hospital?

Depois de ter contado o episódio pelo qual passei no hospital onde pari a Irene (escrevo deliberadamente parir por achar que "dar à luz" é demasiado criativo para o que é) aqui que fez com que saísse de lá com vários mini-biberões de leite artificial já preparado (para quem não esteja informada sobre os benefícios da amamentação, deixem-me resumir e dizer que é tão mau que, em muitos países, já é considerado crime), decidi ajudar as grávidas do processo de decisão relativamente ao hospital onde vão, lá está, "dar à luz". 

Vim a saber que o meu seguro não cobria o parto. Tinha de ser um parto com tudo a ver-se (por não ser coberto). Ah. Piada seca. Quer dizer que, se tivesse de parir num hospital privado, teria de ser eu a desembolsar mais de mil euros, certamente. 

Sendo assim, ficou no público. Até porque dizem que, quando há complicações nos partos nos privados, em última instância, são enviados para o público (será isto mesmo assim?).  

Não fiz questão de que fosse a minha obstetra a fazer o parto, porque acho que se dantes os partos até eram feitos sozinhos, não há de mudar muito de médico para médico. Digo eu. Se calhar até teria corrido bem melhor, apesar dela só fazer no privado.



A única desvantagem (que me incomodou realmente) de ter parido no público foi o Frederico não poder ter estado comigo o tempo em que estive internada. Após o parto teve de ir logo embora e só podia visitar-me, lá está, no horário das visitas.

Para além disso, mas isso não é desvantagem do público, é a desvantagem de não ser um hospital AMIGO DO BEBÉ, o pessoal do hospital não estava formado em amamentação, não tinha disponibilidade para me ajudar de forma produtiva com isso e, pelo contrário, até incentivava o consumo de leite artificial. 

Pouco tempo depois de ter escrito aquele post do qual falei ali em cima, saiu este artigo no Sapo LifeStyle. Muito útil, que vou passar a coiso para aqui. 

Por acaso já ouviu falar da Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés? 

Em 1992 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram um programa mundial de promoção do aleitamento materno intitulado Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (IHAB), internacionalmente conhecido como Baby Friendly Hospital Initiative (BFHI).



Esta iniciativa foi decidida com base nos resultados da investigação científica que aponta os benefícios do aleitamento materno para a saúde da criança e da mãe e se dirige ao momento considerado mais crítico para o sucesso de uma boa amamentação - o período de internamento por ocasião do parto.

 A Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés tem por objectivo a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno através da mobilização dos serviços obstétricos e pediátricos de hospitais, mediante a adopção das "Dez medidas para ser considerado Hospital Amigo dos Bebés".



(...)

Dez passos para ser considerado Hospital Amigo dos Bebés

1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço.

2. Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma.

3. Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.

4. Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.

5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.

6. Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica.

7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.

8. Encorajar a amamentação sob livre demanda.

9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.

10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.

Em Portugal, fazem parte desta Comissão os seguintes hospitais

Hospital Garcia de Orta

Maternidade Bissaya Barreto

Hospital Barlavento Algarvio

Maternidade Júlio Dinis

Maternidade Dr. Alfredo da Costa

Hospital Fernando da Fonseca

Hospital São Bernardo Setúbal

Hospital Pedro Hispano

Hospital Nossa Senhora do Rosário Barreiro

Hospital de Santa Maria

ULSAM – Hospital de Santa Luzia

Por SAPO Crescer



Fica aqui a minha sugestão. ;) Se conhecerem mais amigos dos bebés, adicionem à lista! 

5.26.2015

O segundo em que conheci a Isabel

O segundo mais feliz da minha vida. Esse e todos os que se seguiram.



Era assim que eu estava, depois de umas 12 horas em trabalho de parto e de 10 minutos na sala de partos. Vê-se bem nos olhos a força que tinha acabado de fazer. O cansaço. Estava com fome e sede. Mas vê-se principalmente a alegria. Tinha o queixo sujo de sangue e tinha acabado de sentir a minha filha, quente, primeiro nas minhas pernas e depois no meu peito. A emoção das emoções. Disse logo que ela era bonita. Agora vejo uma bebé inchada, com a cabeça deformada da ventosa, mas delicada. Lembro-me bem do choro, baixinho e suave, como todos os outros que se seguiram. Assim que ouviu a minha voz parou de chorar. Dessa magia não me vou esquecer nunca.






O meu parto foi o momento mais maravilhoso da minha vida. Foi tudo o que desejei, acompanhada por pessoas calmas, divertidas, pela médica dos meus sonhos e pelo homem que me faz feliz e me conhece como ninguém. Foi um parto a rir. A primeira coisa que fiz quando senti uma coisa quente a descer pelas minhas pernas foi soltar umas gargalhadas enormes. E é com um sorriso nos lábios que recordo todos os momentos. A enfermeira que não sabia abrir o alfinete de ama, o barrete por cima do barrete, as orelhinhas enroladas, a pele cor-de-rosa. A primeira vez que mamou, para logo depois adormecer aconchegada ao meu lado. A primeira vez que o David a pegou ao colo, já no nosso quarto. Tenho tudo gravado na minha memória, como se fosse hoje.

5.24.2015

A última foto antes de ser mãe.

Vocês só me conhecem como mãe da Irene, mas antes eu era a grávida da Irene. Era uma menina que passou de ansiosa por engravidar, a ansiosa por estar grávida, a grávida e cheia de dores durante imenso tempo e, afinal, era só falta de uma vitamina, a grávida e prestes a ser internada (para parir, não por problemas de cabeça - ainda).  Adoro dizer parir. Parir. Parir. Parir. Já de parir, não gostei tanto.

Aqui a minha felicidade estava intercalada com dores agudas, contracções muito grandes. Tinha acabado de entrar, mas o Frederico tinha de ficar na sala de espera até eu estar com a epidural em ordem e deitada. Ele foi buscar o saquinho com a primeira roupa da Irene. Rimo-nos e chorámos na sala de espera. Ai, esperem. Acho que só eu é que chorei. 

Já andava há mais de uma semana a achar que era o dia. No dia, comecei de manhã a tomar conta das contracções com uma aplicação manhosa qualquer. E estavam, desde cedo, na "velocidade" certa para indicar que tudo iria acontecer. O problema é que depois paravam durante uma hora ou duas. Não sabia o que fazer à minha vida. 

Até foram lá duas agentes imobiliárias ver a casa e eu consegui ser simpática. Fomos para lá. Fiz o CTG, mandaram-me ir jantar, tomar um banho e voltar. Tomei o banho mais rápido de sempre, não comi nada de jeito, deitei-me no sofá a ver "As Desavergonhadas" (Sic Radical) com o Frederico enquanto gemia de dores e não aguentei mais. Supliquei para voltarmos. Já chorava. Ah! Esqueci-me de dizer que moravamos a 2 minutos de carro do São Francisco Xavier. 

Fomos. Fui logo atendida e logo internada. 

O resto não interessa que já contei. Se gostarem de histórias de partos demorados e traumatizantes, está aqui.

Esta foi a última fotografia antes de ser mãe. E adoro que tenha sido. Foi para mandar ao Frederico que estava nervoso por mim e que ainda não podia estar comigo.



5.11.2015

Afinal Havia Outra (#24) - O dilúvio

Pois bem, todas nós (a grande maioria, vá) das mulheres já passou, passa atualmente ou irá passar um dia esta maravilhosa fase da vida que é a maternidade, mais nos vale saber de tudo e encarar tudo com a maior naturalidade. Se possível, rir-nos dos momentos mais estranhos ou sensíveis. No fundo, não levar isto demasiado a sério e não se desfazer em ranhos porque, para nós, ser mãe não é tão bonito e glamoroso como se lê na maioria dos livros ou se vê nos mais bonitos e delicados blogues.
A minha gravidez foi um mar de rosas, eu fui aquela grávida que evangeliza todas à sua volta para fazerem o mesmo! Relatada por mim, a gravidez era o tal estado maravilhoso, em que inchamos um pouco, mas estamos lindas de morrer, porque estamos a fabricar um ser fofinho. Tiramos fotos lindas, e mesmo que não estejamos muito bem, não faz mal, porque toda a gente vai adorar e dizer que estamos super bem e vamos ter mil likes onde quer que publiquemos a foto.


No meu caso, como vivo em Edimburgo, na Escócia, era ainda mais fácil de fazer a todos os amigos em Portugal acreditar que era tudo lindo e maravilhoso.
E a verdade é que era.
Enjoos? Nada.
Pés inchados? Nunca tive.
Aumento de apetite? Também não (mas não quero que me odeiem já. Nunca fui magra e no meu caso a barriga fofinha a quem sempre carinhosamente chamei de pipo, até serviu para me disfarçar aquelas gordurinhas típicas da zona lombar. Pneu! )

A única coisa que tinha eram de facto, algumas dores de costas, mas convenhamos, temos uma mini pessoa a levedar dentro do nosso corpo! Acho que é o mínimo que temos que sentir!

Tudo corria realmente impecável, até ao dia em que completei 27 semanas (6 meses em tempo de gente normal).
Estava no sofá com o marido, depois de decidirmos faltar a uma festa de aniversário em prol de um documentário sobre o 11 de Setembro (foi a 13 de Setembro) quando senti que se me escapava algo líquido. 
“JÁ?” –pensei eu, lembrando alguns textos lindos sobre perder o controlo dos músculos vaginais ao espirrar ou tossir no final da gravidez. Era um pouco cedo, mas se calhar já estaria em tal estado cachalote que já não me segurava.
Discretamente me levantei (tão discreta quanto pode ser uma pessoa redonda, em modo pino de bowling) e fui ao quarto de banho, não querendo por nada deste mundo partilhar tão belo momento com o marido.
Sento-me de novo e de novo um pequeno geiser. Neste momento a minha vontade de chorar já era bastante, mas controlei-me pois visto estar a perder liquido por outros meios, estava obviamente preocupada com uma desidratação.
A verdade é que o controlo de choro de uma grávida é tão resistente como um guarda chuva dos pequenos num dia de vento extremo. Virou.
Lembro-me de, entre baba e ranho, divagar sobre como iria conseguir sair de casa nos três meses que faltavam, naquele estado de incontinência grave. O marido, coitado, tentava de tudo para me acalmar. Em vão, claro está!
Preparamo-nos para ir ao hospital, e nos entretantos, eu já tinha molhado dois pijamas, umas calças de ganga e ensopado duas toalhas de banho. Das grandes.

A verdade é que aos 6 meses de gravidez, rebentaram-me as águas. Nem queria acreditar no que diziam os médicos e enfermeiros. Foi o maior susto das nossas vidas e estávamos sozinhos, noutro país.
Não foi fácil, mas correu tudo bem! Acho que nestas situações o melhor é seguir em frente e ter esperança!
O bebé era pequenino, mas estava bem e felizmente não achou que era hora de nascer. Fiquei de repouso e aguentamos assim mais um mês.
Fiz tricot para me entreter, apesar de não me ter entretido muito, pois a única peça que teve vida não serve nem para cachecol do puto. E olhem que o puto é bem pequeno!
Aos 7 meses (ou 31 semanas) nasceu o Vasco, com 1,530kg e uns bons 38cm. Um pequeno campeão.
Apesar de todo o perigo inerente a esta situação, ele esteve 1 dia no ventilador (apenas 1, ainda há quem não acredite), 15 dias na incubadora e 24 na Unidade Neonatal.
Até agora, não teve problema nenhum e é um bebé relativamente calminho e bastante fofinho.
Tem olhos azuis, o que é estranho pois nem eu nem o pai dele os tem, e começa agora, depois dos 3 meses, a ficar um pequeno buda e a encher os refegos das pernas, como se quer!
É uma alegria passear com ele na rua, e explicar que não, ele não acabou de nascer e sua mãe inconsciente anda já a arrastá-lo pelo frio escocês. É sim, um prematuro de 3 meses e meio que até nunca esteve doente. É só mais compacto que o normal, uma pocket version.

Ou então às tantas digo que sim, nasceu há duas semanas e eu é que já recuperei dos 15kg que ganhei.
Era capaz de não fazer muitas amizades!!!

Elsa Maria Gomes
mãe do Vasco

5.06.2015

Afinal Havia Outra (#23) - O meu parto durou 40 dias.

Nem gosto muito de escrever, mas gosto tanto do vosso blog que quis contar a minha/nossa história.
Tive uma primeira gravidez, mas o coraçãozinho da nossa estrelinha deixou de bater às 10 semanas e tive que ser internada para fazer um aborto com direito a raspagem, crises, asmas, muitas infecções, mas sempre com esperança que, dali a um ano, estaria naquele mesmo hospital de barriga grande para ter o meu bebé.

​Finalmente fico grávida novame​nte, mas até às 12 semanas não vivi a gravidez. Tive algumas perdas de sangue e andava sempre a ouvir o coração do bebé. Pensava eu que depois das 12 semanas é que ia andar tranquila. Errado.
Depois das 12 semanas começaram umas dores difíceis de explicar, parecia que estava com cólicas de período, daquelas em que temos vontade de nos deitarmos no chão, mas não o fazemos com vergonha... Várias idas à GO, às urgências, nada de contracções, bebé a evoluir bem, análises óptimas, só poderiam ser os músculos que estava a custar esticarem. Apesar do meu trabalho ser sedentário, às 20 semanas fico de baixa, mas como as dores não passavam, nem todo dia deitada na cama, a minha GO internou-me, por precaução, no dia antes das 23 semanas.

No dia a seguir, nova equipa médica, e vamos lá dar alta à menina, que isto não é um hotel e ela só tem umas dorzinhas, nada de especial. Mas pelo sim pelo não decidiram fazer uma ecografia antes de ir, por descarga de consciência... Ligam o aparelho e os dois médicos gelam, ficam brancos mesmo. Vi logo que algo se passava. Antes de dizerem uma palavra, ligaram o som para ouvir o coração, mas nem o som forte de um coração a bater conseguiu quebrar aquele gelo. Pouco depois, diz um para outro: "vamos dar já as injecções de maturação de pulmões". Resposta do outro médico: "és louca, o bebé só tem 300 gramas, 23 semanas, é impossível sobreviver". Não sei como mantive a calma e não desci pela cadeira...
Nesse instante viraram o monitor para mim e explicam-me que o bebé está bem, mas a bolsa está a descer pelo canal vaginal e pode rebentar a qualquer segundo e o bebé nascer, sendo que, com aquelas semanas, estou a ter um aborto. Nem consigo explicar os sentimentos que tive...
Disseram que não havia nada a fazer e que era esperar por um milagre. Se não rebentasse, seria mesmo milagre, pois a bolsa estava a sofrer pressão, como se fosse um balão cheio de ar a ser esmagado...
Perante tal cenário, fui novamente para o quarto, a acreditar que ia haver um milagre e ele ia aguentar assim até, no mínimo, às 35 semanas (muito positiva, eu). Fui para o quarto, fiquei deitada, pernas erguidas ao máximo, não me podia mexer nem para comer, não podia rir, necessidades era deitada e cocó era rezar para que não tivesse que fazer força...

Acaba a hora das visitas e o marido tem que ir embora. Estávamos sem chão. Eis que, pouco depois, sinto um balão a rebentar dentro de mim e fico toda molhada.
No dia em que fazia as 23 semanas, no dia em que fazia um ano que eu tinha estado naquele mesmo hospital para fazer um aborto retido, foi o dia em que a bolsa rompeu. Irónica, a vida. Lembrei-me do que tinha dito um ano antes: "daqui a um ano estarei aqui novamente para ter o meu bebé", mas, naquele momento, era tudo o que eu não queria...
Toquei a campainha e veio logo um batalhão de médicos e enfermeiros. Estava a ter um aborto e iríamos deixar o corpo fazer o trabalho dele. Fiquei a soro. Mas teimoso como o meu rapaz é, passou um dia, passou outro, e entre análises e medicação, cheguei às 24 semanas com a bolsa rota e o seu coração forte a bater.

Nesse dia, se nascesse, já teriam que investir nele. Deram-me as injecções para maturação de pulmões e enviaram-nos para o hospital distrital, que tinha neonatologia. Lá fomos nós na ambulância de cuidados intensivos, com toda a equipa que nos acompanhou nervosa, com medo que o bebé nascesse ali...
Chegámos ao hospital, nova ecografia. O bebé nem 400 gramas teria, e veio outra realidade, as estatísticas: o nosso tão desejado bebé só teria 0.01% de sobreviver e 99.9% de ficar vegetal. Só tinha líquido amniótico à volta da cara (que foi o que o ajudou a não sufocar).
Ficando na barriga a probabilidade era morrer sufocado, mas se nascesse, também teria morte certa, pois nem nos limiares de sobrevivência estava.
Então, como estava tudo perdido, iria ficar 100% acamada, com as pernas erguidas o mais possível e aguardar um milagre...
Lá fui para o quarto: pernas erguidas, davam-me de comer, banho à gato, punham-me a fazer xixi, análises ao sangue uma a duas vezes ao dia, soro sempre a correr, várias injeções (que nem sei para que eram), ecografias diárias, cintas várias vezes ao dia, vários comprimidos com vitaminas, 2 antibióticos para prevenir infecções e as horas foram passando. Três litros de água diária, músculos todos a atrofiar (já não tinha músculos nas pernas, parecia os braços de uma velhinha), dores de cabeça da mesma posição, sempre toda molhada mesmo com pensos enormes, pois todo o líquido amniótico que repunha, perdia. O pouco que o bebé se mexia doía horrores pois, sem líquido, não tinha o amortecedor nem espaço para ele se mover à vontade...

Milagrosamente lá fomos aguentando, até que numa das análises ao sangue, foi detectada uma bactéria. Teria que fazer uma cesariana, pois não era viável nascer de parto normal, mas nesse dia não podia ser, pois não havia incubadoras. Teriam que aguardar pelo dia seguinte para conseguirem uma. No dia seguinte, novas análises e os níveis da bactéria baixaram, por isso iríamos adiar mais um dia, por falta de incubadoras...
Na madrugada seguinte comecei com dores, mas fui aguentando e não disse nada. De manhã, vem o médico com o resultado das novas análises, com valores mais baixos, por isso iríamos aguardar mais um dia. Fez uma ecografia muito rápida e o peso estimado era igual ao do dia anterior, cerca de 800g. Eu digo-lhe que tinha a sensação que desse dia não passava, pois estava a ter umas dores que eram contrações, apesar do aparelho não marcar. Ele responde que era de estar acamada. As dores não passavam, até que deixaram de ser suportáveis. Não conseguia recuperar de uma, pois tinha outra seguida. Toco a campainha, vem a enfermeira com uma médica, e eis que estava já com a dilatação feita, mas teria que ser cesariana para o meu bebé não apanhar nenhum bicho... Foi uma verdadeira correria depois, cesariana de urgência, ninguém estava à espera, tinha que fazer força para apertar as pernas para o bebé não nascer por baixo e ligaram para a neo para preparem a incubadora...

E eis que, passadas duas horas, nasce o nosso herói M., às 27 semanas e 6 dias, muito inchado, com 1100g (quando o previsto eram 800g). O nosso milagre nasceu vivo e chorou, tipo gatinho, muito baixinho mesmo, mas a melhor das melodias. Não o toquei, não o beijei, não o cheirei. Só o vi de touquinha branca a sair num castelo de cristal...

Depois daquele dia tivemos ainda três longos meses de batalhas e vitórias, mas hoje o herói M., como gostamos de lhe chamar, tem 21 meses e é feliz, cheio de energia e com uma evolução fantástica!

Ana Ferreira

4.27.2015

Afinal Havia Outra (#22) - Tive o meu filho numa banheira

Há um ano e meio mudamo-nos para a Escócia. Passados poucos meses, assim como tínhamos planeado, foi com grande felicidade e entusiasmo que descobrimos que estava grávida. O tão esperado momento havia chegado!

Tive uma gravidez tranquila, sempre acompanhada com excelentes profissionais de saúde, que me transmitiam a cada consulta uma confiança que qualquer mãe de primeira viagem precisa.

Não hesitei assim que soube que na maternidade onde o meu filho ia nascer, havia a hipótese de que o parto fosse na água.

Às 38 semanas e 3 dias, pela manhã ao acordar, as águas rebentaram. Mantive-me sempre calma e liguei para o hospital, duas horas depois tive a visita da parteira em casa. Ainda não tinha contracções e recebi alguns conselhos para tentar acelerar o trabalho de parto.
Liguei para o meu marido que estava já pronto para deixar o trabalho a qualquer momento para me acompanhar. Almoçamos juntos e logo a seguir ao almoço, sentamos-nos no sofá. De repente deu-me um click: "Não posso ficar aqui parada!" Saltei do sofá e comecei a seguir todos os conselhos da parteira. Ao longo do dia foram vários os banhos de imersão com o chuveiro a apontar para a barriga, subir e descer escadas, alguns squats e ao fim de uma longa caminhada com o meu marido, já as contracções faziam prever que estava mesmo quase o momento que tanto ansiavamos.

Dei entrada no hospital às 19h, já com dilatação e contrações muito próximas. Só tive tempo de pedir para encherem a banheira e baixar as luzes. Aguardei que o meu marido viesse com as malas do carro para entrar na água. A música que tocava era da rádio. Entrei na água devagar e tentava relaxar entre as contracções. Cá fora, tinha de um lado a parteira, do outro lado um pai ansioso e aflito. A cada contracção dávamos a mãos e o olhar de um e outro reconfortava-me e dava-me energia para quando fosse a hora de fazer força. Num momento de dor e algum desespero perguntei à parteira o que devia fazer, ela olhou-me nos olhos e disse apenas para seguir os meus instintos. São momentos em que nos tornamos animais, agi de forma puramente instintiva, movia o meu corpo livremente na água, e por vezes de forma brusca pois assim tinha que ser. A temperatura era medida regularmente e ao meu lado tinha uma botija de gás nitroso que inalava entre as contracções, pois ajudava a relaxar os músculos e atenuar as dores. Não tive epidural por opção. Entre voltas e reviravoltas na água, pude levantar-me e consegui ter controle total sobre o meu corpo. O momento estava cada vez mais perto. A parteira usava um espelho debaixo de água para ver os avanços. Algum tempo depois já era possível ver a cabeça. Fui convidada por ela a tocar na cabecinha bem cabeluda do meu filho. Foi uma sensação única e indiscritível tocar naquele cabelinho tão macio e sedoso debaixo de água. Na verdade acho que foi isso que me ajudou a fazer o “push” que o meu filho aguardava para vir para os meus braços.

Foi às 22:31 que o meu maior tesouro emergiu da água, o cordão estava enrolado no pescoço o que lhe deu um tom roxinho. Com saudáveis 3,110kg foi directamente para o meu colo e ali ficou por 15 minutos. Foi a única exigência que referi na parte do livro da grávida, em que teria que preencher os espaços relacionados com as espectativas e desejos para o parto. “Quero ter o meu filho ao peito o máximo de tempo quanto possível antes de sairmos da água”. E assim foi. O pai do lado de fora, molhava o seu corpinho enrugado para manter a temperatura e esperava ansioso a hora de também poder pegar no filho. Pudemos juntos sentir o pulsar do cordão e apreciar o milagre da vida. Foram minutos mágicos e muito especiais. O cordão foi cordado pelas mãos do pai que logo de seguida tirou a blusa para pegar no filho “skin to skin”. A expulsão da placenta deu-se ainda na banheira, já sem água. Ao sair, fui logo examinada e permaneci em repouso na cama. Ali ao meu lado foram feitos os primeiros procedimentos ao bebé e nem por um momento o meu filho foi levado para longe do meu campo de visão. O pai acompanhava atento os passos da enfermeira e eu aguardava para voltar a ter o meu filho nos braços. A primeira vez em que ele mamou ainda com poucos minutos de vida, foi um momento indiscritível.

Numa só palavra a experiência de ter sido Mãe na água foi fantástica!

Desde que entrei na água até ter o meu filho nos braços foram apenas 3 horas, as mais intensas da minha vida!

Tivemos alta ao meio dia, do dia seguinte e nos primeiros 15 dias recebemos visitas diárias das enfermeiras/parteiras para sermos examinados. Ajudaram-nos a tirar dúvidas e mais uma vez recebemos a cada visita, aquela dose de confiança que tanto precisávamos.

Os primeiros banhos do meu filho foram no meu colo no chuveiro, dormia sempre relaxado e aninhado a mim. Continuamos assim a ter uma relação muito especial com a água.


Bruna Viegas
Mãe do William

3.10.2015

Querem ver o meu parto em directo no Facebook?

Se estão a ler isto, é porque sim.

Ok. Admito. Tenho um problema. Não foram poucas as vezes que a minha mãe e o meu namorado me disseram que estou viciada no Facebook.
Estou mesmo. E a prova disso é as vezes que fui à net já em trabalho de parto. Apesar de agora me ter dado um gozo descomunal reler e reviver tudo (até me vieram as lágrimas aos olhos), tenho consciência de que não é normal.


Nunca assistiram a um parto via Facebook? Então vou dar-vos essa oportunidade.



A verdade é que estas meninas das Mamãs de Março (grupo do FB de que já falámos trezentas vezes) me ajudaram a passar o tempo (ainda foram umas belas horas), me encorajaram, me divertiram e adorei partilhar tudo isto com elas!

Mesmo assim não me safo e não dispenso tratamento psiquiátrico, pois não? Eu sabia que não ia escapar...

3.03.2015

Agrupem-se, prenhas!

Imaginava lá eu que ia ser daquelas pessoas que tinha um grupo de amigas da internet, que nunca antes tinha visto na vida. Sim, mesmo agora que o mIRC já acabou e em que eu não podia passar a minha vida no #lindas a ser humilde. 

Por obra e graça do Novo Banco lá fui parar ao fórum De Mãe para Mãe. Alguém teve a brilhante e amorosa ideia de abrir um thread com o título "mães de Março de 2014" à qual eu me juntei, em pânico para poder falar com outras mães sobre o que eu sentia e se a quantidade de puns que eu dava era igual à delas ou se estava alguma coisa errada com a bebé. 

Houve outro alguém (desculpem, moças, mas como só lá fui parar depois de vocês, não sei quem fez o quê) que teve uma ideia ainda mais brilhante (parecia um aileron de um Seat Ibiza na Vasco da Gama) e criou um grupo fechado no Facebook. 

O que partilhávamos aqui? Tudo. As nossas roupas, as nossas barrigas, as nossas lineas negras (não é uma referência ao single de Juanes, não), a cor dos nossos cocós quando começamos a tomar ferro, as ecografias, coisas nojentas dos nossos pipis, choradeiras sem motivo, os preparativos para o parto, etc. 

Como engravidei "cedo" (na minha cabeça, para o que eu tinha planeado antes de conhecer o meu marido - que era não engravidar), não conhecia ninguém que tivesse estado grávida neste novo milénio. Esta foi a minha família, as minhas melhores amigas, as minhas irmãs e, confesso, a salvação do meu casamento por passar tudo para elas e menos para o Frederico (tem nome de beto, não tem, o meu maridinho?). 

Desde que a Irene nasceu que ando mais ocupada e acabei por partihar aqui no blog o que dantes partilhava lá no grupo. Acho que também não devem sentir muito a minha falta porque nos primeiros meses de vida da Irene, como ela demorava 20h a mamar, eu lia imensos artigos científicos e era o que eu publicava por lá. Chata, eu sei. 

Agora estamos na fase de comemorar os aniversários dos bebés todos - houve alguns traidores que nasceram antes de Março, mas reunimo-nos todas e deixamos ficar essas mães no grupo na mesma! ;)

Grávidas, agrupem-se. Façam o que nós fizemos. Acho que a gravidez se torna algo ainda melhor, os partos também e ganham uma nova família.

Estou toda sentimental porque andamos todas a ver o histórico do que escrevemos há quase um ano quando fomos parir e isso. Eis alguns dos meus posts! 


Vejam as datas e as horas, acho que vale a pena (para quem não tiver um rabo para fazer e for muito cusco ;))



















2.21.2015

SOCORRO! Estou in...continente!

Não, não estou num supermercado, nem fui aos Açores e voltei. É mesmo isso. Perceberam bem.

Pensei muito se escreveria isto e estou a rezar para que os meus progenitores não leiam este post. Andaram com a menina para a trás e para a frente, ele foi aulas de música, coro, teatro, explicações de inglês e de alemão porque "ai, não posso ter 17", de dança, uma lufa lufa para a rapariga ficar supé culta e ter uma mega carreira e acaba a escrever sobre xixi. Ou chichi, como preferirem, que fui confirmar e dá das duas formas. 

Mas é verdade, acontece, e se ninguém o assume (pelo menos ainda não vi a mãe da Carlota a escrever sobre nada disto no blogue dela Hehe), dou o primeiro passo. 

Estou incontinente. Desde que fui mãe que preciso de usar fraldas. Não uso, mas se calhar devia. Quando estou aflitinha e não consigo chegar ao WC a tempo, a coisa dá-se. Calma, também não abro a comporta totalmente. Acho que não preciso de ser mais gráfica, certo? Vocês agradecem (e mãe, desculpa! lol)

Somos um blogue que fala sobre tudo, qual programa do Goucha ou da Júlia. Há tempos falou-se lá de tipos de cocós e levaram mesmo os espécimes. Juro! Por aqui vamos tentar que cheire menos mal, mas não prometemos nada.

Se quiserem comentar como anónimas, percebo perfeitamente. Não deve ser fácil assumir que se faz xixi pelas pernas abaixo quando não somos nem concorrentes da Casa dos Segredos nem temos 80 anos. Mas preciso muito de dicas. Cá vão as dúvidas:

1) é caso para ir à ginecologista?

2) além de exercícios com o períneo (já faço a história do elevador, sabem?), o que aconselham?

3) alguém já passou por isto e voltou ao normal?

Obrigada, suas... mijonas!

2.17.2015

O meu partão.

Primeira fotografia da Irene 
"Descobri que sou igual a todas as que estavam a passar por esta experiência pela primeira vez: Estava igualmente entusiasmada e assustada. Estava louca para que tudo se despachasse (já estava um bocadinho cansada de estar grávida, apesar de agora estar a morrer de saudades) mas, ao mesmo tempo, queria que a Irene nunca saísse de dentro de mim. Como funciono, todos os dias, para mim, eram o dia de ir parir. É parvo, bem sei. A verdade é que meti na cabeça que a Irene iria nascer às 35 semanas (data a partir da qual não há risco de vida maior da bebé) e a partir daí foi uma seca. Sem querer falar nos longos meses em que achava que tudo o que tinha eram contracções (porque não li em lado algum nada que me explicasse bem o que eram) e estava desejosa de tê-las para sentir que as coisas estavam a evoluir já que não pude ver a bebé na ecografia quando já estava muito grande. Não dormia nada, acordava milhares de vezes durante a noite para ir à casa de banho, o meu marido aprendeu a ressonar dia sim, dia sim. Uma alegria. Queria era parir. Houve um dia (já tinha uma aplicação para cronometrar contracções e tudo) em que reparei que estava a ter contracções perto umas das outras e constantes. De 15 em 15 e paravam durante uma hora. Depois de 10 em 10. Depois uma agente imobiliaria lá em casa e eu com um sorriso amarelo cheia de dores. Depois de 10 em 10. Depois fomos para o hospital que já só me apetecia dizer coisas. Fiz o CTG (uma coisa para medir as contracções e o ritmo do coração do bebé, acho eu) e a coisa estava perto de se dar, mas não era urgente. Depois de umas apalpadelas (demasiado profundas e dolorosas) no ninho da Irene (meu rico pipi), mandaram-me ir para casa jantar, tomar um banho, usar um laxante e voltar com calma mais tarde. Lá fui. A chorar entre contracções e a rir ao mesmo tempo. O marido assustado mas assustadoramente calmo para o que eu imaginei que fosse estar. Banho meio a fingir, dado o desconforto. Jantar impossivel e, não aguentei mais. As contracções continuavam de 5 em 5 minutos mas com umas dores tais que já nem conseguia estar feliz. Fui chamada mais rápido (até desconfiei que tivessem uma camera na sala de espera e que, por me verem a chorar, andaram mais rápido com o assunto). Fui vista, mais umas apalpadelas pouco simpáticas e a Dra., com pena, mandou-me internar dizendo “mas olhe que isto só para amanhã porque não tem nada dilatado”. Isto é: sim, tem dores, mas o seu corpo não está a fazer nada de útil. Lá fui lá para cima, enfiaram-me o tubo da epidural (que me doeu imenso, mas eu sou uma maricas), deitei-me e estava cheia de medo. Chegou o meu marido. Fiquei mais calma. As drogas também tinham começado a fazer efeito. Hei de dizer sempre à Irene: drogas não, filha, a não ser no parto. Foram minhas amigas e acho que, apesar de me terem queimado metade do cérebro e de, passado um mês, ainda me doer o sítio onde tinha enfiado o catéter da epidural, não mudaria a quantidade de recargas que fui pedido. Sempre que deixava de fazer efeito, parecia que estava a ser alcatroada. Um dia inteiro com o marido na poltrona a cuidar de mim. A molhar-me a cara com água. A beber chá às escondidas. A fazer xixi para uma coisa de cartão. Não reparei que tinha sido um dia. Só dei pela passagem do tempo pelas milhares de apalpadelas super desconfortáveis para aferir o diâmetro do túnel por onde a minha leitoa iria passar. Estava na altura de fazer força. Misto de emoções. Queria que tudo parasse e que acabasse rápido. Vamos a isso. Fiz muita força, lembro-me de ter medo que as veias da minha cabeça rebentassem e que tivesse um avc. Nunca tinha feito tanta força na minha vida. Nunca. Fazia força e as enfermeiras diziam que a Irene não saía do mesmo sítio. Fiz ainda mais força. Nada. Durante o que imagino ter sido uma hora e tal não aconteceu nada e as enfermeiras saíam e entravam e pediam para eu ir fazendo força enquanto se ausentavam. Não sei se estava fisicamente esgotada (porque às vezes vamos buscar forças não sei onde, vi no Biggest Loser), mas psicologicamente não queria mais. Queria que esta “porra” do parto natural acabasse e que me dessem uma pancada na cabeça e só me acordassem quando a miúda já estivesse em cima do meu peito. Gritei várias vezes que “não quero mais”, “não quero saber, façam o que quiserem, eu desisto”, “não faço mais”, “não aguento”. Mesmo assim não fui levada para cesariana. Chamaram uma médica com fama de ser amorosa que aproveitou que o meu marido tinha saído para informar a família para fechar a porta e não o deixar entrar porque iam usar a ventosa e porque eu estava “em choque”. A médica  que era muito amorosa, passou-se e começou a gritar comigo para tentar recuperar a minha sanidade: “JOANA, ISTO VAI TER QUE ACONTECER, VOCÊ VAI POR O SEU BEBÉ CÁ FORA. ISTO AGORA NÃO É PARA BRINCAR. ESTÁ EM CHOQUE.”. Só me veio à cabeça aquela altura em que mandam um chapadão nas pessoas para acordarem. Bem que precisei de um chapadão. Só queria que tudo parasse. Estava cheia de medo porque sempre que fazia força, deixava de ouvir o coração da bebé no CTG. Sentia que algo estava errado. Finalmente percebemos por que é que a Irene não saía do sítio: cordão umbilical à volta do pescoço. E, para além disso, acho que ela estava numa posição esquisita e, portanto, tiveram que me cortar. Saiu. Puseram-na em cima de mim. Nem 2 segundos. Levaram-na. Chorou. Parou de chorar. Comecei eu a chorar. “Que silêncio é este? Morreu a minha filha? O que aconteceu? Ainda nem nada começou e já falhei como mãe? E agora? Quero morrer. Não quero saber a verdade. “ Não chorou mais, mas estava bem. Teve de ser aspirada e, segundo disseram, puseram-na na incubadora para estar mais quentinha, apenas. Estava mole. Parecia sonolenta. Provavelmente da quantidade de drogas que pedi. Eu continuava em choque. Não conseguia sentir nada. Até o meu marido ter pegado na nossa filha. Aí fui mãe. Puseram-ne na minha mama. Mal. Mamou na auréola e não no bico. Fiquei com as maminhas logo em ferida. Nem reparei que estava mal, não senti nada. Como quase não senti as duas dúzias de pontos que levei assim que ela saiu. Não queria que o meu marido fosse embora. Não queria ficar sozinha. Eu estava debilitada e, além do mais, não sabia se sabia ser mãe. O marido foi embora. Fiquei num quarto partilhado. Entrei na cama. Não falei com ninguém. A Irene ficou sempre ao meu lado. Se ela chorasse, tinha de chamar alguém porque além de não me conseguir mexer, não sabia o que era para fazer. Sempre que fechava os olhos sentia as mãos das enfermeiras e das médicas a averiguarem se já tinha dilatação suficiente. Ainda ouvia as vozes de toda a gente. Ainda não era mãe. Não conseguia. Não percebia sequer que era a minha filha que estava ali comigo. Sabia apenas que precisava de alguém. Não conseguia que ela mamasse bem. Não conseguia tirá-la do berço. Não conseguia voltar a pô-la. Por que é que quando mais precisamos de estar em condições que estamos mais vulneráveis? Estava super assustada e sem o meu marido. Veio a luz do dia. Comecei a falar com as outras mães. Uma estava igualmente assustada, a outra já parecia dominar a arte de dar de mamar a fazer o pino (segundo filho). Consegui tomar banho. Chegou o pai. Cheguei. Comecei, aos poucos, a ser mãe. Disse ao meu marido que não me sentia segura em sair no dia seguinte dali porque tinha medo de não saber cuidar dela (apesar de ter lido quarenta livros, de ter ido às aulas de preparação, etc). Porém, assim que me deram alta, quis ir. Já queria ir desde manhã. Eu consigo. Ela é minha. Sei que assim descrito pode ser assustador (porque é), mas acho que é importante passarmos por tudo isto. É algo que também nos vai ligar ao bebé e nos vai fazer mais fortes. O meu marido conta que logo depois da Irene ter nascido eu disse: “Quero ter mais um filho”. E, como repararam, não foi fácil. Alonguei-me. Tanto quanto o meu parto no São Francisco Xavier. Impecáveis. Menos em conseguir a sair de lá a amamentar convenientemente. Talvez tenha sido só comigo, mas a mãe da cama à minha frente também já dava suplemento na fase do colostro. Reverti a situação e o meu segundo filho será lá também, mas aí não há suplemento para ninguém, mesmo que tenha de passar a noite a ser vigiada pelos enfermeiros por haver risco de infecção, como aconteceu."

in Grupo Fechado no Facebook "Mamãs de Março de 2014" onde partilhei (partilhámos todas, meninas, não é?) tudo sobre a gravidez, parto, tudo... Obrigada pelo vosso amor. 


2.10.2015

Uma hora pequenina!!!

O caraças!

Quem inventou esta frase ou teve uma experiência como esta (aviso já que este vídeo não é para meninos porque mete um parto num carro! WOW!) ou então tinha os relógios todos avariados.

Não desejem mais isto, pá! Acho que de tanta gente a desejar-me uma hora pequenina, aconteceu um sumatório dessas horas pequeninas todas. Das 13h e tal às 02h48: buaaaaaaaa! Mas lá por terem sido umas quantas horas não me pareceram assim tão extensas. Foi "uma hora grandinha" mas boa e apenas 10 minutos na sala de partos até se dar a desova. 

Portanto, o tamanho não interessa. Das horas, estou a falar das horas, por quem me tomam?


As vossas foram pequeninas? As horas, estou a falar das horas!


2.08.2015

A moda das cesarianas

Estão na moda os turbantes, as t-shirts com statements (estilo "Last clean t-shirt" ou "I have nothing to wear"), roupa com franjas e... as cesarianas. 
Parece ser in marcar data e hora da cirurgia sem que ela seja realmente necessária. Há dias em que não vai dar mesmo jeito porque há mais que fazer. Assim o check in fica agendado, quarto reservado e vidinha organizada que há mais na vida do que um parto.

Mães que fizeram cesariana, não me queiram chacinar já. Percebo que quem tenha consentido em marcar a operação não havendo necessidade médica, o tenha feito porque alguém a convenceu de que não haveria diferença nenhuma e que não haveria risco algum (ver este vídeo para se rirem um bocado). Como não confiar no nosso médico? Ainda por cima estamos numa fase mais susceptível de ceder a pressões e a ansiedade pode ser nossa inimiga. E há quem queira tanto ouvir isso do médico que nem levanta uma única questão. (Claro que há sempre excepções e, por exemplo, uma situação anterior de parto "normal" traumatizante parece-me uma razão perfeitamente legítima para não se querer repetir a dose, entre muitos outros motivos e não quero ser eu a julgá-los).

Quando a minha obstetra (do privado) me disse, um mês antes, que provavelmente teria de fazer cesariana, chorei. Não estava à espera, não queria, confesso. Depois lá me mentalizei de que se tivesse de ser, seria. Que o importante era o parto correr bem e a minha filha nascer saudável. Contaram-me histórias com final feliz para me alegrarem e já estava preparada mentalmente. Acabou por não ser preciso porque, dias antes da já agendada cesariana, as águas rebentaram e tentámos o parto normal. Pode, afinal, não ser preciso. E é assim que se deve encarar uma cesariana: só quando é preciso (antecipando algum problema ou mesmo na hora do parto) e não porque se quer ou só porque sim.

Claro que as cesarianas já salvaram muitas vidas, claro que é graças às cesarianas que muitos bebés e mães sobreviveram e também deve ser terrível deixar um parto "normal" prolongar-se até às últimas forças por teimosia, pondo em risco ambos, mas esta prática quando é por "dá cá aquela palha" devia ser pensada, reflectida e muito questionada! Por que razão no privado há tantas cesarianas? Não estará o dinheiro metido ao barulho? Não será mais conveniente para alguns médicos (disse alguns, ok?) ter a vidinha planeada do que partos imprevistos e imprevisíveis? Não se fará uma melhor gestão do hospital desta forma? E como saber se o que nos dizem (de ter passado muito tempo desde que a bolsa rompeu, do colo assim e assado, ou do cordão à volta do pescoço) é mesmo verdade? 

A verdade, é que numa cesariana há riscos (neste artigo do Público):
- As complicações resultantes da anestesia são duas vezes superiores e as lesões urológicas acontecem 31 vezes mais.
- Os recém-nascidos ficam com riscos respiratórios cinco vezes superiores, acrescidos na infância de um risco de diabetes e de asma 25% superior aos dos partos normais.
- O risco de grandes hemorragias é 11 vezes maior.
- Após a cirurgia o risco de infecção também é 11 vezes superior, enquanto o de trombo-embolismo quadruplica. 
- O óbito materno acontece cinco vezes mais nos partos por cesariana. 
- Numa gravidez posterior também podem surgir mais problemas com a placenta, sendo o risco de morte do feto 1,6 vezes superior.

Em 2014, segundo o artigo, os hospitais públicos conseguiram baixar taxas de cesariana para 28% e atendem grávidas de maior risco. No privado a taxa ronda os 67%. O resultado global é de 33%, uma meta muito acima do recomendado pela OMS e o segundo pior valor da União Europeia, apenas ultrapassado por Itália. 
Então no Brasil, li algures, é um número enorme! Alguém confirma?

É esta a minha proposta: pensar um bocadinho melhor antes de escolher fazer uma cesariana só porque sim.